terça-feira, 25 de agosto de 2009

Nos tempos do "Chambre"


Em um destes últimos dias me deparei com aquele tipo de situação que nos leva a pensar: "o tempo também passa para mim".
Assistindo TV com minha irmã, observei numa matéria - e sempre fico observando o plano de fundo das matérias dos telejornais - que uma das mulheres que aparecia ao fundo, varrendo a porta de casa, estava vestida apenas com uma camisola. E disparei: "olha! aquela mulher está só de 'chambre'". Pronto, estava armado o cenário para as galhofas
- "Ele é do tempo de "Chambre", indagava ela com aquele sorriso nos lábios e o dedo apontado para mim.
Fiquei acoado. Não tinha como disfarçar que meu passado estava desnudo, justamente por ter desengavetado o chambre.
Mas, aquele momento trouxe também as lembranças de minha infância, quando mamãe desfilava a noite, na intimidade do lar, o seu chambre. Os tempos eram outros.
As mulheres também. Não se exibia chambres nas ruas, muito menos quando houvesse uma câmera de TV na porta de casa.
O chambre que hoje gera gargalhadas, outrora geraria escândalos.
E minha irmã, embora tenha zombado, um dia também usou chambre. Ela e a primogênita também. Lembro-me bem de vê-las de chambre.
Eram bons os tempos do chambre. Contudo, não quero que essa peça feminina prenda este texo apenas no passado.
É bom ver que hoje tenho lembranças. Significa que já pude viver "algumas muitas coisas" e que posso revivê-las ainda no íntimo do pensamento.
Chambre hoje é camisola, pelo menos acho que é. Porque as camisolas de hoje já não tem tantas rendas, pelo menos não as do dia-a-dia.
E para os desinformados, não é apenas este blogueiro que conhece os chambres. Machado de Assis já os usava (em seus textos, é óbvio): "despe-se, enfia um chambre e vai estirar-se no canapé do gabinete" (Machado de Assis, "Páginas Recolhidas", p. 113).
Então, enquanto meu pijama ainda é pijama, vou aproveitar para encerrar esse texto e tirar um cochilo.

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