segunda-feira, 27 de julho de 2009

O uso do 6



Leia o seguinte número: 2166746.

Provavelmente você leu assim: dois, um (ou vinte um), meia, meia, sete, quatro, meia.

Foi ou não foi?

Pois é, o número "seis" está em desuso. Ou como bem falou minha irmã Luciana - que me alertou para esse tema - "o 'seis' está fora de moda".

Passei então a refleter sobre a razão desse apelido dado ao número seis ter alcançado tamanho sucesso.

É certo que o uso do "meia" vem da relação de meia dúzia que o seis representa. Poxa, mas ninguém lê "uma dúzia" quando vê o número 12. Pelo menos, quase nunca o faz.

O interessante é que o famisgerado "6" passa a ser "meia" quando está acompanhado. Assume outra personalidade.

Mesmo continuando a ser "seis" as pessoas o reconhecem pela metade da dúzia. Não tem identidade o pobre 6.

A popularidade do "meia" é incrível. Essa palavra parece exercer um encantamento forte, pois até mesmo quando seu uso é errado, lá está ela sendo empregada. Especialmente pelo público feminino que adora rasgar: "estou MEIA cansada hoje"; essa menina é MEIA breguinha... e por aí vai.

O curioso é que o "6" só é "6" quando está sozinho, pois basta aparecer outro número ao seu lado para logo ele virar MEIA. Mesmo que esse número seja seu semelhante: 66 (meia, meia).

Tem gente que é assim também. Um "6".

Não sei se o "6" se importa de ser "MEIA", mas acredito que não. Senão, já havia reclamado.

Pelo menos ele é MEIA mas não está no pé de ninguém.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Antiguidade e Merecimento



Durante os últimos meses, ouvi muito falar sobre esses dois modos de promoção na Magistratura: a antiguidade e o merecimento.Nesses casos, o antigo está para a antiguidade e o mérito está para o merecimento. Mas isso não é razão matemática. Antes, é escolha de critérios.

Bom seria se os referidos critérios também fossem adotados em outros campos da nossa sociedade.

Por exemplo, os nossos idosos. Como sofrem os bons velhinhos (e até aqueles que nem são tão bons assim). “Respeite os mais velhos, meu filho”, exclamava minha mãe, quando eu, peralta, desrespeitava alguém. Em outras palavras, minha mãe estava dizendo: respeite o tempo de vida dessa pessoa, as histórias que construiu, os acertos e erros que cometeu. Afinal, feliz é aquele que consegue trilhar os caminhos até a velhice.

Os méritos que o tempo traz já não implica em tantos valores. Atualmente, os traços da velhice são cada vez mais escondidos. É o que prega o senso estético. Tinturas para os cabelos brancos, cremes para a pele enrugada, silicone, botox... a lista é extensa.Mas os parâmetros da estética – e que fique claro, não tenho nada contra – não devem interferir nos valores morais. Não se deve esconder a beleza que existe nos idosos. Pois, a vida os fez belos por seus ensinamentos.

Aquilo que é antigo precisa ser mais valorizado por representar a nossa história. Se fizermos pouco caso dos idosos de hoje, ensinamos os mais jovens a fazerem o mesmo com a gente no futuro. Se não respeitamos os ensinamentos da história, estamos fadados a cometer os mesmos erros.

Avanços já foram conseguidos, é bem verdade. O Estatuto do Idoso é prova cabal disso. Só que ainda não estamos adotando os critérios de merecimento que lhes são devidos.Escrevo aqui diretamente para os jovens, afinal, a internet é essencialmente jovial, veloz, ativa, dinâmica. Adjetivos que bem podiam ser causas de merecimento, só que faltariam alguns cabelos brancos para ficarem completos.